WASHINGTON (Reuters) - O candidato presidencial republicano Donald Trump criticou duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, e outros republicanos chamando-os de desleais na terça-feira, e prometeu fazer sua campanha no estilo que quer agora.
Em uma saraivada de publicações no Twitter, Trump repreendeu os correligionários que lhe deram as costas na disputa da Casa Branca, aprofundando um cisma dramático na legenda a respeito de sua enfraquecida campanha para a eleição de 8 de novembro.
"É tão bom que os grilhões tenham sido tirados de mim e que agora eu possa lutar pela América como quero", escreveu Trump no Twitter, acrescentando que irá enfrentar sua rival democrata, Hillary Clinton, em seus próprios termos.
Descrevendo os republicanos "desleais" como mais difíceis do que Hillary, ele disse: "Eles vêm para cima de você de todos os lados. Eles não sabem como vencer – eu irei ensiná-los!".
Uma série de autoridades e ocupantes de cargos públicos do Partido Republicano se distanciou do magnata desde o surgimento de um vídeo de 2005 que o mostra se vangloriando despudoradamente a um repórter sobre como apalpa mulheres e faz insinuações sexuais indesejadas.
Apesar do rompimento de alguns republicanos eleitos com Trump, uma pesquisa Reuters/Ipsos com eleitores prováveis – o voto é facultativo nos Estados Unidos – divulgada na terça-feira revelou que 58 por cento dos republicanos querem que o empresário continue como cabeça de chapa e que 68 por cento disseram que a liderança partidária deveria apoiá-lo.
A pesquisa, que foi realizada após o segundo debate presidencial de domingo, mostrou a dianteira da ex-primeira-dama sobre Trump aumentando de 5 para 8 pontos percentuais em relação à semana passada, antes da divulgação do vídeo.
Na segunda-feira, Ryan, o republicano mais graduado do Congresso, disse aos parlamentares de sua legenda que está rompendo com Trump e que não irá fazer campanha para ele, praticamente admitindo que Hillary irá conquistar a presidência.
O gesto revoltou alguns apoiadores de Trump, embora Ryan tenha dito que não irá retirar seu apoio ao empresário de Nova
York.
Trump desdenhou de Ryan, classificando-o de "líder muito fraco e ineficaz" e se queixando em outro tuíte de que é difícil se sair bem com "apoio zero" de Ryan e outros. Mais tarde, em uma entrevista ao apresentador Bill O'Reilly, da rede Fox News, ele afirmou que nem quer nem precisa do apoio do parlamentar.
Ainda na terça-feira, o porta-voz de Ryan, Brendan Buck, disse que o presidente da Câmara "está dedicando o mês que vem a derrotar os democratas, e todos os republicanos disputando cargos provavelmente deveriam fazer o mesmo".
(Por John Whitesides e Susan Heavey; Reportagem adicional de Doina Chiacu, Ayesha Rascoe e Chris Kahn)